Luxemburgo: as esperanças legítimas de uma qualificação histórica para o Euro 2024

Xavier Correia
Notícias

O Luxemburgo, presença habitual nos grupos de qualificação da seleção nacional, é uma seleção cada vez mais a ter em conta nas contas do apuramento. Não obstante a goleada sofrida em março (0-6) frente a Portugal, a equipa liderada por Luc Holtz venceu recentemente a Bósnia fora de casa (2-0) e bateu a Islândia por 3-1. Atualmente, têm os mesmos pontos que a Eslováquia, com a qual disputam a vaga na fase final. Sim, leu corretamente: os luxemburgueses estão na corrida para garantir um lugar na Alemanha. O que parecia impossível há alguns anos é agora um sonho alcançável.
O que mudou neste pequeno país rural, enclausurado entre três potências do futebol mundial – Bélgica, França e Alemanha – para deixar de ser um saco de pancadas e competir de igual para igual com a classe média europeia? Bence Horvath, jornalista da RTL Today e especialista no assunto, aponta para um investimento sustentado como a chave dessa transformação.


“No início dos anos 2000, a federação iniciou um investimento numa academia em Mondercange e estabeleceu contactos com olheiros de clubes em França e Alemanha para abrir portas às gerações mais jovens, proporcionando-lhes perspetivas de uma carreira profissional no estrangeiro. A primeira geração, agora com idades entre os 28 e 30 anos, foi seguida por outras ainda melhores, à medida que mais clubes começaram a olhar para os jovens talentos luxemburgueses. Normalmente, os melhores partem para a Alemanha aos 15 ou 16 anos. Por exemplo, Borussia Mönchengladbach e Metz, em França, têm cada um cinco jogadores luxemburgueses. Portanto, não se trata apenas de uma geração de ouro, mas sim de um investimento contínuo”, explicou. Em Mondercange, foi inaugurado um campo coberto em 2019, resistente às condições climáticas, com a presença do presidente da UEFA, Aleksander Čeferin.


O presidente da federação, Paul Philipp, é um antigo internacional que jogou em diversos clubes de topo na Bélgica durante os anos 80. Após a sua retirada, tornou-se um dos principais impulsionadores da necessidade de mudanças no futebol do país. Desde que foi eleito presidente em 2004, o futebol no Luxemburgo tem mostrado um progresso constante”, destaca Horvath. Ele também atribui uma parcela significativa do sucesso à liderança de Luc Holtz, que ocupa o cargo de selecionador há 13 anos, desde 2010. “Ele é o selecionador europeu em funções há mais tempo. Herdou uma equipa de amadores, e hoje a maioria dos jogadores são profissionais que atuam nas principais ligas do continente. Taticamente, o Luxemburgo conseguiu não sofrer golos contra a França e derrotou seleções como Turquia, Hungria e Irlanda sob o seu comando. Prefere jogar com uma linha defensiva de cinco jogadores quando não possui a bola, mas recentemente tem adotado táticas mais ofensivas, apoiadas na melhoria da qualidade da equipa. É um treinador muito flexível, bem preparado e capaz de mudar o rumo de um jogo.

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